Quando o peso está normal, mas a saúde pede atenção: os riscos da obesidade abdominal em pessoas magras
Você sobe na balança, o número está dentro do esperado, o IMC aparece como “normal” e você pensa: “ótimo, estou saudável!”. Mas será que é só isso mesmo?
Um estudo global publicado na revista JAMA Network Open na última sexta-feira (17) trouxe um alerta importante: 1 em cada 5 pessoas com IMC normal tem obesidade abdominal — e muitas nem desconfiam disso.
O que a pesquisa descobriu?
Os pesquisadores analisaram dados da Organização Mundial da Saúde de 471 mil adultos em 91 países diferentes. E sabe o que encontraram? Cerca de 21,7% das pessoas com peso considerado “normal” apresentavam acúmulo de gordura na região da cintura, uma condição que aumenta significativamente o risco de:
- Pressão alta
- Diabetes tipo 2
- Colesterol elevado
- Triglicerídeos altos
Ou seja, o corpo pode parecer saudável por fora, mas por dentro está pedindo socorro.
Quando a balança te engana
Aqui está o grande problema: ter um IMC entre 18,5 e 24,9 (a faixa “saudável”) não significa automaticamente que está tudo bem. Se a sua cintura mede mais de 80 cm (mulheres) ou 94 cm (homens), você pode ter o que os especialistas chamam de “obesidade de peso normal”.
“Mas Paola, como assim? Meu peso está ok!”
Calma, vou te explicar. O problema não é necessariamente quanto você pesa, mas onde a gordura está se acumulando. Existe um tipo de gordura chamada gordura visceral, que fica escondida entre os seus órgãos internos — fígado, pâncreas, intestinos. E essa, minha amiga, é a mais perigosa de todas.
Por que a gordura visceral é tão problemática?
Diferente daquela gordurinha que você vê e aperta (a subcutânea), a gordura visceral é metabolicamente ativa. Isso significa que ela não fica ali parada, quietinha. Ela libera substâncias inflamatórias que bagunçam todo o seu metabolismo e aumentam drasticamente o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas.
É tipo ter um incêndio acontecendo dentro de casa, mas a fachada continua bonitinha. Por fora, tudo parece normal. Por dentro, o estrago está acontecendo.
Quem tem mais risco?
O estudo identificou alguns fatores fortemente associados à obesidade abdominal em pessoas com peso “normal”:
🚶♀️ Sedentarismo — pessoas fisicamente inativas têm 60% mais chances de ter a condição. Sessenta por cento! Deixa isso afundar um pouquinho.
🥗 Alimentação pobre em frutas e vegetais — quanto menos comida de verdade, maior o risco
📚 Menor nível de escolaridade — o que reflete, muitas vezes, menos acesso à informação de qualidade sobre saúde
💼 Desemprego e vulnerabilidade socioeconômica — dificultando acesso a alimentos saudáveis e ambientes seguros para atividade física
O IMC não conta a história toda
Aqui está a grande lição desse estudo: confiar apenas no IMC pode criar uma falsa sensação de segurança.
O IMC é uma medida útil, sim, mas limitada. Ele não diferencia músculo de gordura e muito menos te diz onde essa gordura está localizada. Você pode ter um IMC “perfeito” e ainda assim estar acumulando gordura exatamente onde não deveria.
Por isso, cada vez mais especialistas defendem que a circunferência da cintura seja incluída como indicador de saúde metabólica. É simples, barato e dá uma informação valiosa que a balança não consegue te dar.
E agora, o que fazer?
Se você se identificou com essa situação, respira. Não é motivo para pânico, mas é um alerta importante para agir. A boa notícia? Gordura visceral responde muito bem a mudanças no estilo de vida!
Movimente-se mais: Atividade física regular é fundamental. Não precisa virar atleta, mas precisa tirar a bunda da cadeira. Caminhada, dança, musculação, natação — escolha o que você gosta e vai fazer de verdade.
Priorize comida de verdade: Mais vegetais, frutas, proteínas magras, gorduras boas. Menos ultraprocessados, açúcar escondido e porcaria industrializada.
Durma bem: Sono de qualidade ajuda a regular hormônios que controlam o acúmulo de gordura.
Gerencie o estresse: Cortisol alto está diretamente relacionado ao acúmulo de gordura abdominal.
A mensagem que fica
Este estudo nos lembra que saúde é muito mais complexo do que um número na balança. Você pode estar “dentro do peso” e ainda assim precisar cuidar melhor do seu corpo.
Não se trata de estética. Não é sobre ter barriga chapada para o verão. É sobre entender que seu corpo pode estar silenciosamente pedindo atenção — e você tem o poder de responder a esse pedido.
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Perguntas frequentes
Como saber se tenho gordura abdominal?
Você pode medir a circunferência da cintura com uma fita métrica, na altura do umbigo. Valores acima de 80 cm para mulheres e 94 cm para homens indicam um acúmulo indesejado de gordura visceral, independentemente do seu peso.
Qual a diferença entre gordura visceral e subcutânea?
A gordura subcutânea está logo abaixo da pele. Já a visceral envolve órgãos internos e está mais fortemente associada a riscos de doenças metabólicas.
É possível reduzir a gordura abdominal apenas com dieta?
A melhor estratégia une alimentação equilibrada, atividade física regular e boa gestão do estresse. Mudanças leves e consistentes ao longo do tempo trazem resultados mais duradouros e saudáveis.
Por que o sono influencia na gordura abdominal?
O descanso inadequado desregula hormônios que controlam fome e acúmulo de gordura, favorecendo o depósito na região abdominal. Priorizar noites bem dormidas é parte essencial do autocuidado.







