Estudo mostra que a gordura abdominal está associada a alterações precoces na estrutura cardíaca, mesmo antes de sintomas aparecerem
A chamada “barriga de chope” vai muito além de uma questão estética. Um estudo recente apresentado no congresso anual da Radiological Society of North America (RSNA) aponta que o acúmulo de gordura abdominal — também conhecido como obesidade visceral — pode estar associado a alterações prejudiciais na estrutura do coração, especialmente em homens.
O dado mais relevante é que essas mudanças podem ocorrer antes do surgimento de doenças cardiovasculares ou sintomas clínicos, funcionando como um sinal de alerta silencioso para a saúde do coração.
O que é gordura abdominal (ou visceral)?
A gordura visceral é aquela que se acumula profundamente na região abdominal, envolvendo órgãos como fígado, intestino e pâncreas. Diferente da gordura subcutânea, ela é metabolicamente mais ativa e está diretamente associada a processos inflamatórios, resistência à insulina e alterações hormonais.
Esse tipo de gordura pode se infiltrar nos vasos sanguíneos e contribuir para o desenvolvimento de:
- Doenças cardiovasculares
- Diabetes tipo 2
- AVC
- Alguns tipos de câncer
- Doenças neurodegenerativas, como Alzheimer
O que o estudo identificou sobre o coração
Os pesquisadores analisaram exames de ressonância magnética cardíaca de mais de 2.200 adultos entre 46 e 78 anos. Esse tipo de exame avançado permitiu identificar alterações sutis no tecido cardíaco, que normalmente não seriam detectadas em avaliações convencionais.
Os principais achados foram:
- O IMC elevado esteve associado ao aumento do tamanho das câmaras cardíacas em homens e mulheres
- Já a obesidade abdominal esteve ligada a um espessamento do músculo cardíaco e a câmaras menores
- Essas alterações foram mais evidentes em homens, principalmente no ventrículo direito
Esse padrão é conhecido como hipertrofia concêntrica, uma forma de remodelamento cardíaco considerada potencialmente patológica.
Por que esse tipo de alteração preocupa?
Quando o músculo do coração se torna mais espesso sem aumento proporcional do tamanho das câmaras internas, o órgão passa a:
- Armazenar menos sangue
- Bombear menos volume por batimento
- Ter dificuldade de relaxar adequadamente
Com o tempo, esse processo pode evoluir para insuficiência cardíaca, mesmo em pessoas que não apresentam sintomas iniciais.
Cintura-quadril é mais importante que IMC?
Um dos pontos centrais do estudo é que a distribuição de gordura corporal importa — e muito.
O IMC, apesar de amplamente utilizado, não diferencia:
- Massa muscular de gordura
- Onde essa gordura está localizada
Já a relação cintura-quadril consegue indicar melhor o risco cardiometabólico associado à gordura abdominal.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS):
- Relação ≥ 0,90 em homens
- Relação ≥ 0,85 em mulheres
são indicativos de obesidade abdominal e maior risco cardiovascular.
Por que os efeitos parecem mais intensos nos homens?
Os pesquisadores levantam a hipótese de que os homens tendem a desenvolver obesidade abdominal de forma mais precoce e intensa, o que poderia explicar as alterações cardíacas mais evidentes. Além disso, a gordura visceral pode impactar a respiração e a pressão pulmonar, sobrecarregando o lado direito do coração.
Apesar disso, mais estudos são necessários para confirmar essas diferenças entre os sexos.
É possível reduzir a barriga abdominal?
Sim — mas não de forma localizada. Exercícios abdominais isolados não eliminam gordura da região. A redução da gordura visceral ocorre com mudanças globais no estilo de vida.
Entre as estratégias mais eficazes estão:
- Treino de força de 2 a 3 vezes por semana
- Caminhadas diárias de 20 a 30 minutos
- Redução de carboidratos refinados
- Aumento da ingestão de proteínas
- Constância, mais do que intensidade extrema
Pequenas mudanças sustentáveis têm impacto direto na circunferência abdominal e, consequentemente, na saúde do coração.
Saúde cardiovascular começa no cuidado diário
A ciência reforça cada vez mais que olhar apenas para o peso na balança não é suficiente. Entender como o corpo distribui gordura e como isso afeta órgãos vitais, como o coração, é essencial para prevenção e longevidade.
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Perguntas frequentes
Como saber se tenho gordura abdominal em excesso?
Meça a circunferência da cintura e compare com a do quadril. Os riscos aumentam quando a relação cintura-quadril supera os valores recomendados internacionalmente, especialmente para homens e mulheres adultos.
Qual exame identifica alterações silenciosas no coração?
A ressonância magnética cardíaca é um exame avançado capaz de visualizar alterações estruturais antes dos sintomas clínicos. Ela é indicada em casos específicos, sob orientação médica.
Exercícios abdominais reduzem gordura da barriga?
Não de maneira isolada. A redução da gordura abdominal depende de mudanças globais no estilo de vida, incluindo alimentação balanceada e exercícios físicos variados.
Mulheres também têm risco aumentado?
Sim. Apesar de os homens apresentarem maior acúmulo inicial, mulheres também estão suscetíveis ao risco quando apresentam obesidade abdominal, principalmente após a menopausa.







